domingo, 2 de dezembro de 2012

Pasodoble





Trompetes impostos
Peitos dispostos
Suave batida
Cadenciará

Chama rubra cobre torpe morte
Clama inflama torna forte
Chama rubra apaga rente morte
Clama inflama forja forte

Hipnose
Dominação
Apogeu
Transmutação

Chama rubra cobre torpe morte
Clama inflama torna forte
Chama rubra apaga rente morte
Clama inflama forja forte

Overdose
                               Excitação

Orgástica
Mutilação

Chama rubra forja morte forte





quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Reprodução






O que sabem
        O que  viveram
Sentiram
Acreditaram
Tudo
Está em mim.

Lembranças
Vivências
Vontades

O que sei
Sorrateiramente
Sorri
Transparece
Transcende

Posição imutável
(Luta tardia)

O que quero saber
                        Briga
                        Bate
                        Berra

O que quero saber
                        Emperra
                        Trava
(Luta voraz)

O que  sabem,
O que sei
O que posso
 Eu
Cartesianamente posicionado
             Saber
Tange
Triste
Uma luta desigual

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Sensações Poéticas






A menina sentada na cadeira
     Vestido amassado
     Sorriso marrom
     Olhar comportado
     Segura emoção
A menina sentada na cadeira
                            Sentido surgido
                            Sagaz sensação                
                            Somado sabido
                                 (jaz solidão)
A menina sentada na cadeira
                            Espera tranquila
A boa avó trazer doces lá da feira
         

                          (Roberto Dalmo)

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Interstícios



Laboratório
Corpos-Identidade
Significação
(O Estrangeiro dilacera seu espaço)
Busca
Resta
Sen-sa-ção
Híbrido
União
Parte obra
Encanto
 (O Estrangeiro Sangra)
Açougue barroco
Momento
Canto
(Estrangeiro cura-se)
Mu-ti-la-ção


(Obra de Adriana Varejão. Conheci a obra dessa artista esse mês quando fui ao MAM e achei única e sensacional... os que não conhecem devem procurar - Vale muito!)

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Ponto de vista





Ponto de vista

Estava lá, formiga, amiga antiga
Estava lá
Defronte ao muro defronte
Estava lá
(Cheia de certezas e razão mestre)
Defronte ao muro defronte

Amplitude de pensamento e limitação
Estava lá. Eu, meu amigo antigo
Estava lá
Defronte à muitos muros defronte
Estava lá
(Cheio de certezas e razão mestre)
-Pobre formiga, amigo antigo

Defronte ao muro defronte à vida
Mesquinha!
Estava lá

Pensamento leva
Palavra condensa

domingo, 21 de outubro de 2012

Janela


A menina olha
                e
                               através daquele espaço de ruptura
Ela traduz
                a beleza
                o encanto


A menina olha
                horas   
                               passam
                traduz
                admira 
                              religiosamente a vida
que passa
horas
admira e traduz
religiosamente
A menina.


Pele clara
                cabelos negros
                olhar angelical
A vida transcreve em sigilo 
e
 transforma
               toda percepção
em um breve suspiro.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

365 dias




Existe sensação melhor no mundo?

Estar apaixonado é melhor do que amar!
Estar apaixonado é deixar o coração pulsar mais forte
As pupilas dilatarem
Sem esquecer do importantíssimo sorriso
Para mostrar que você está realmente apaixonado
é preciso sorrir.
Sorrir para todos e todas
 Mas muito cuidado!
Sorrir para todas é perigoso, pode despertar a irá da mulher amada.
Ciuminho bobo de amante
A paixão é o cálice de vinho do tempo presente e o devaneio latente.
Racionalidade de embrião
Digo mesmo que é bom!

Queria eu me apaixonar 365 dias por ano e 366 em anos bissextos.
Entregar-me, viver
Não deixar que o medo tome conta

Queria eu, que dentre esses 365 dias e
366 em anos bissextos, houvesse um dia para o amor.
Provavelmente seria 1º de abril.
Mas se não encontrar, que venham os próximos 365 dias
e 366 em anos bissextos.
A paixão é o amor de um instante
Contada por um navegante
Marinheiro destemido que viaja os sete mares em busca de terra firme.
Vaguemos pela infinitude dos oceanos!

sábado, 4 de agosto de 2012

Dedo mindinho





Hoje me peguei pensando em você.
Provavelmente estava no meio de bilhões de pensamentos
Digo que só me dei conta porque tomado por tamanha distração fui surpreendido por uma forte dor de batida.

Meu pé tinha acabado de travar uma batalha sangrenta
Dedo mindinho versus pé da cama.
Não preciso dizer quem ganhou.

O que importa é que a dor me fez lembrar.
Distraidamente pensava em ti
Não com pensamentos megalomaníacos
e muito menos com devaneios românticos
Mas com um carinho que toma o peito e invade a alma

Amor maior é aquele que não se perpetua
E está sempre na segura distância que o torna eterno.
O devir transforma-se na inalterável e sólida certeza
É a inconstância, a loucura e a clareza,
É a dor do não viver
Muito maior do que a topada no pé da cama.

domingo, 29 de julho de 2012

Aroma




Corre corre!
Veja só!

A chuva está chegando e com ela vem um turbilhão de sentimentos
Dor, amor, solidão, amizade, e muitos outros.
Sendo sentimentos ou não,
quando a chuva chega, eles se tornam.

Tornam-se pensamento ao olhar pela janela e ter a lembrança nostálgica.
Acho que sempre que olhamos pela chuva na janela nos lembramos de nossos nove anos.

Ao sentir aquele doce aroma de terra molhada
Queremos pular, brincar, cantar...
Mas nada isso é possível
Somos adultos

Em um escritório
O cheiro de terra molhada se mistura intensamente
Aroma de papel e tinta de impressoras, café
A leve música que soava nos ouvidos acompanhando o cair constante da chuva tornou-se gritos
A doçura da criança tornou-se a distante lembrança.
Talvez por isso a cada chuva a esperança volte.

Um dia serei criança, novamente e brincarei com a terra
até que por ela digerido serei.
E serei
parte o sonho de muitas outras pessoas.
Ao ver a chuva, e sentir o doce aroma de terra molhada,
terra que farei parte. 

Aparências




Bonito brilho constante no céu marca nosso mundo feito de aparências.
Ser belo é ser percebido com a grandeza de uma supernova
Ser percebido é deixar nossa marca como humanos ou coisas
- Sei lá?!
Simples aparência que marca o que não somos pelos olhos dos que são.
Simples aparência que nos significa

Marcas deixadas em um espectro de cores e lembranças em preto e branco
Somos nós, marcas vivas de algo muitas vezes já inexistentes
Marca travada de nossa humanidade tardia

Somos nós, estrelas!

Somos a marca de nosso brilho retardado à nossa historicidade

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Maquinarização






Troco facilmente uma noite pelos bares da cidade
por uma noite a escrever
O curto momento onde o Eu está comigo “mesmo” fingindo ser outro
Troco toda efemeridade de noites vazias pela profundidade das palavras
Tortas, calejadas, marcadas de historicidade.

Falar sobre temas já falados como amor, dor, solidão
amizade, ciúme, paixão
Falar sobre a liberdade do homem!

Sobre o pensamento...

Se é que existe outro lugar onde o homem é realmente livre
eu não conheço.
Talvez em um picadeiro anarquista em um palco esquizofrênico,
mas não.
Não acredito mesmo que a real noção de liberdade transcenda ao pensamento.

Basta que nós, domados por nós mesmos, libertemo-nos
Basta que nos afastemos de toda a prisão domiciliar existente
afastemo-nos das redes e conexões,
do emaranhado de sinapses,
Afastemo-nos  da mecanização do homem.

Para obter, enfim
A liberdade.

Temos instantes de escrita, voz,
temos instantes de humanização na humanidade
onde nossa presença se faz realmente presente.

E nesse breve momento
Estamos amarrados.

Correntes de âncora nos prendem ao pé da cama
Incessantemente tentamos cerrar elo por elo
da imensidão estrutural ao invés de apenas cerrar o pé da cama
madeira envelhecida, quebradiça,
imperceptível.

A impossibilidade se faz e a liberdade foge de nosso ser
antes mesmo de chegar à boca.

Foge e corre como uma criança que não conhece as maldades do mundo
mas que não aceita doce de estranhos.
Foge rapidamente para onde ela possa se fazer presente novamente.

Vai para o pensamento de muitos outros,
Amantes calados
poetas
para o pensamento dos solitários.

Foge para o pensamento daqueles que aproveitam o pensamento

E escorre em uma fluidez muito pouco tensionada
Escorre para outros enquanto o homem se faz máquina

E nesse momento incessante
Maquinarização, amarra
Humanização, amante
Um som de ferrovia invade a alma
e nos lembra, novamente
de nossa sofreguidão,
De nossa ânsia por liberdade

Fluida
que escorre por palavras,
 armadilhas sociais
silábicas e sedentas e saturadas.

Armadilhas instauradas
Um prego para cada braço e um para os pés
E a contemporaneidade repete de forma sutil o ritual

É o preço por tentar a liberdade em um mundo
onde os pensamentos se transformam em palavras
e as palavras se transformam em um mundo

É o preço de tentar a liberdade em uma palavra
onde o mundo se transforma em palavras
e as palavras se transformam em pensamentos

Espero apenas o dia em que o silêncio marcará a liberdade

Enquanto isso seguimos

Em bares, em noites de escrita
em bons sorrisos, e choros marcantes.
dia após dia
com a consciência de nossas amarras, a invisibilidade do pé da cama
Sempre transformando
homem em máquina, máquina em homem
E com medo do porvir.


quinta-feira, 7 de junho de 2012

Singela poesia para uma nádega esbelta






Nádegas esbeltas foram construídas com grande destreza
Todas as mais belas se encaixam perfeitamente na geometria Não Euclidiana.
Descrevem formas sinuosas,
levam boêmios ao delírio desde bem antes da invenção do carnaval.

Tristes eram os cubistas retratando-as retas
realmente muito pouco desejadas.
A história teria se escrito diferente
se ao invés de serem influenciados pelas máscaras africanas
fossem influenciados pelas quentes negras
que vieram para o Brasil toda sua formosura
Seria o ápice das Belas Artes
se a grande odalisca mudasse o seu ângulo de inclinação
Ingres teria feito muito mais sucesso!

E digo mais,
se seu violino fosse um pandeiro soaria muito mais harmônico,
muito mais brasileiro!
Seria um samba erudito de batidas sincopadas
Seria a passagem da garota de Ipanema,
e de todas as outras garotas de Ipanema,
 vindo do Leblon  e indo à Copa,
desfilando,
simplesmente desfilando.

Depois uma leve subida no Arpoador, para alegria geral da Nação.
 Ela exibiria a maior beleza da humanidade.
tão bela, que nem Pablo resistiu.
Fugiu de suas formas secas
em apenas quatro traços a eternizou.

E ratificando a máxima Viniciana,
as sem bunda que me perdoem, mas nádegas são fundamentais.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

A pequena história de amor de Rafaela e um qualquer





É ela Gabriela, de todas a mais bela
saborosa e donzela,
que me tira da capela enganando o sentinela
e me leva a uma ruela trocando-me em passos
Eis que estava Rafaela, a mais linda da favela.
Que já fiz em minha tela seu olhar de Cinderela.
Com ciúmes foi aquela que o sapato atirou em minha costela.

E acertou, viu!
Falando assim
- “Larga essa cachaça, seu safado!”

Minha dama da favela,
pediu para largar “ela”, a donzela, a mais gostosa, Gabriela.
Mas eu não!
-“Se largar a Gabriela, trocar-te-ei por uma dama bem singela”.
E Rafaela, sentiu-se ameaçada e parou de bater panela.
Aceitou a Gabriela, a cachaça mais gostosa.
E disse,
-“Traga-me uma de siriguela, já que a sua é de cravo e canela!
Prefiro perder-te pro álcool do que pra todas ´elas´, de todas as zonas da favela”
E ambos embriagaram-se
e amaram-se
2002 noites sem parar
Isso da aproximadamente 5 anos e 177 dias, sem contar os bissextos

Morreram de cirrose hepática, sim!
Mas se amaram por bem mais tempo do que Romeu e Julieta.
Fim

quarta-feira, 23 de maio de 2012

PARAJEANNE... Ou O buquê



Eu não conseguiria pintar-te
Não conseguiria transpor para uma simples tela
todo o brilho  presente em seu olhar,
toda a paz de seu sorriso
e toda a luz de sua face.

Nem se fosse Modigliani, conseguiria!
Não conseguiria retratar seu tom de pele enlouquecedor,
seu beijo de poesia, e seu doce aroma,
o mais apaixonante de todos os aromas já sentidos.

Seria impossível, mesmo dotado das melhores tintas, telas,
da mão mais habilidosa, e de dez mil dias ao seu lado!

Não consigo, e simplesmente não consigo.
Vou guardar-te apenas em meu coração.
Faço apenas um buquê, tentando lembrar seu cheiro
por toda minha vida.

Necrófagos





E nós, seres humanos,
dotados de telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor
fomos feitos para amar.
Quem diria, a grande ironia que seria o dia,
 aquele que corria,  
esbaldando-se em uma vida vadia
e em um breve instante,
deleitar-se-ia da mais gostosa agonia.

A paixão!

O primeiro amor é o desespero.
O mais puro anseio do coração,
pulsante no peito e brilhante,
 em olhos de diamante com dureza de

talco.

Tão superiores, nós humanos. Tão vulneráveis.

O segundo amor, talvez já tenha um brilho de ouro,
pode ser como a marcela, que amou aquele nosso colega por alguns contos de réis,
ou muitas outras “ela”s  que transcenderão os quinze meses,
mas não acredito que irão transcender aos contos de réis.

E tudo termina, novamente e
o terceiro amor, quarto amor, quinto amor,
e tudo se renova.
No final estamos nós.
Simples assim, vulneráveis assim.

Quem diria, nós humanos,
dotados de telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor
teríamos nossos orgulhos e nossos fracassos em algo que nem tocado é.
Quem diria, caro amigo,
gozamos por conquistar o mundo, mas não domamos
nem mesmo nossos sentimentos
Somos vulneráveis!

A comédia dos sentimentos inicia-se pela não compreensão,
pela necessidade do consolo irmão e pelo pedido, e por muitos poemas
ao longo de muitos anos que utilizam-se de “ao” para rimar com coração.
Que devaneio romântico é apaixonar-se por algumas palavras!
Sim, acontece.
Somos vulneráveis!

Dias e noites e as palavras envolvem o coração,
já não dominávamos nossos sentimentos,
agora dominamos muito menos.
As palavras chegam, nos arrancam sorrisos, os transmutam em lágrimas,
e nos da a sensação de ter vivido.
Muito, e além!
Em momento seguinte não há paixão, não há amor.
sofrimento e dor, ingratidão e talvez um pouco de compaixão.
Às vezes nem isso.
Sofrimento e dor, e pronto!
Somos vulneráveis!

Mas há de chegar o dia em que dominaremos nossos sentimentos
em uma racionalidade ímpar.
Nesse dia talvez falte ar,
talvez o sangue não corra,
talvez os pequenos e desprezados seres decompositores estejam lá
e vejam, o dia que os seres superiores
dotados de telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor
estarão dominando seus sentimento!
E de camarote eles presenciarão tal momento enquanto deliciam-se
com nossos restos mortais!
Tudo isso porque somos vulneráveis!