quarta-feira, 23 de maio de 2012

Necrófagos





E nós, seres humanos,
dotados de telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor
fomos feitos para amar.
Quem diria, a grande ironia que seria o dia,
 aquele que corria,  
esbaldando-se em uma vida vadia
e em um breve instante,
deleitar-se-ia da mais gostosa agonia.

A paixão!

O primeiro amor é o desespero.
O mais puro anseio do coração,
pulsante no peito e brilhante,
 em olhos de diamante com dureza de

talco.

Tão superiores, nós humanos. Tão vulneráveis.

O segundo amor, talvez já tenha um brilho de ouro,
pode ser como a marcela, que amou aquele nosso colega por alguns contos de réis,
ou muitas outras “ela”s  que transcenderão os quinze meses,
mas não acredito que irão transcender aos contos de réis.

E tudo termina, novamente e
o terceiro amor, quarto amor, quinto amor,
e tudo se renova.
No final estamos nós.
Simples assim, vulneráveis assim.

Quem diria, nós humanos,
dotados de telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor
teríamos nossos orgulhos e nossos fracassos em algo que nem tocado é.
Quem diria, caro amigo,
gozamos por conquistar o mundo, mas não domamos
nem mesmo nossos sentimentos
Somos vulneráveis!

A comédia dos sentimentos inicia-se pela não compreensão,
pela necessidade do consolo irmão e pelo pedido, e por muitos poemas
ao longo de muitos anos que utilizam-se de “ao” para rimar com coração.
Que devaneio romântico é apaixonar-se por algumas palavras!
Sim, acontece.
Somos vulneráveis!

Dias e noites e as palavras envolvem o coração,
já não dominávamos nossos sentimentos,
agora dominamos muito menos.
As palavras chegam, nos arrancam sorrisos, os transmutam em lágrimas,
e nos da a sensação de ter vivido.
Muito, e além!
Em momento seguinte não há paixão, não há amor.
sofrimento e dor, ingratidão e talvez um pouco de compaixão.
Às vezes nem isso.
Sofrimento e dor, e pronto!
Somos vulneráveis!

Mas há de chegar o dia em que dominaremos nossos sentimentos
em uma racionalidade ímpar.
Nesse dia talvez falte ar,
talvez o sangue não corra,
talvez os pequenos e desprezados seres decompositores estejam lá
e vejam, o dia que os seres superiores
dotados de telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor
estarão dominando seus sentimento!
E de camarote eles presenciarão tal momento enquanto deliciam-se
com nossos restos mortais!
Tudo isso porque somos vulneráveis!

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