quarta-feira, 30 de maio de 2012

A pequena história de amor de Rafaela e um qualquer





É ela Gabriela, de todas a mais bela
saborosa e donzela,
que me tira da capela enganando o sentinela
e me leva a uma ruela trocando-me em passos
Eis que estava Rafaela, a mais linda da favela.
Que já fiz em minha tela seu olhar de Cinderela.
Com ciúmes foi aquela que o sapato atirou em minha costela.

E acertou, viu!
Falando assim
- “Larga essa cachaça, seu safado!”

Minha dama da favela,
pediu para largar “ela”, a donzela, a mais gostosa, Gabriela.
Mas eu não!
-“Se largar a Gabriela, trocar-te-ei por uma dama bem singela”.
E Rafaela, sentiu-se ameaçada e parou de bater panela.
Aceitou a Gabriela, a cachaça mais gostosa.
E disse,
-“Traga-me uma de siriguela, já que a sua é de cravo e canela!
Prefiro perder-te pro álcool do que pra todas ´elas´, de todas as zonas da favela”
E ambos embriagaram-se
e amaram-se
2002 noites sem parar
Isso da aproximadamente 5 anos e 177 dias, sem contar os bissextos

Morreram de cirrose hepática, sim!
Mas se amaram por bem mais tempo do que Romeu e Julieta.
Fim

quarta-feira, 23 de maio de 2012

PARAJEANNE... Ou O buquê



Eu não conseguiria pintar-te
Não conseguiria transpor para uma simples tela
todo o brilho  presente em seu olhar,
toda a paz de seu sorriso
e toda a luz de sua face.

Nem se fosse Modigliani, conseguiria!
Não conseguiria retratar seu tom de pele enlouquecedor,
seu beijo de poesia, e seu doce aroma,
o mais apaixonante de todos os aromas já sentidos.

Seria impossível, mesmo dotado das melhores tintas, telas,
da mão mais habilidosa, e de dez mil dias ao seu lado!

Não consigo, e simplesmente não consigo.
Vou guardar-te apenas em meu coração.
Faço apenas um buquê, tentando lembrar seu cheiro
por toda minha vida.

Necrófagos





E nós, seres humanos,
dotados de telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor
fomos feitos para amar.
Quem diria, a grande ironia que seria o dia,
 aquele que corria,  
esbaldando-se em uma vida vadia
e em um breve instante,
deleitar-se-ia da mais gostosa agonia.

A paixão!

O primeiro amor é o desespero.
O mais puro anseio do coração,
pulsante no peito e brilhante,
 em olhos de diamante com dureza de

talco.

Tão superiores, nós humanos. Tão vulneráveis.

O segundo amor, talvez já tenha um brilho de ouro,
pode ser como a marcela, que amou aquele nosso colega por alguns contos de réis,
ou muitas outras “ela”s  que transcenderão os quinze meses,
mas não acredito que irão transcender aos contos de réis.

E tudo termina, novamente e
o terceiro amor, quarto amor, quinto amor,
e tudo se renova.
No final estamos nós.
Simples assim, vulneráveis assim.

Quem diria, nós humanos,
dotados de telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor
teríamos nossos orgulhos e nossos fracassos em algo que nem tocado é.
Quem diria, caro amigo,
gozamos por conquistar o mundo, mas não domamos
nem mesmo nossos sentimentos
Somos vulneráveis!

A comédia dos sentimentos inicia-se pela não compreensão,
pela necessidade do consolo irmão e pelo pedido, e por muitos poemas
ao longo de muitos anos que utilizam-se de “ao” para rimar com coração.
Que devaneio romântico é apaixonar-se por algumas palavras!
Sim, acontece.
Somos vulneráveis!

Dias e noites e as palavras envolvem o coração,
já não dominávamos nossos sentimentos,
agora dominamos muito menos.
As palavras chegam, nos arrancam sorrisos, os transmutam em lágrimas,
e nos da a sensação de ter vivido.
Muito, e além!
Em momento seguinte não há paixão, não há amor.
sofrimento e dor, ingratidão e talvez um pouco de compaixão.
Às vezes nem isso.
Sofrimento e dor, e pronto!
Somos vulneráveis!

Mas há de chegar o dia em que dominaremos nossos sentimentos
em uma racionalidade ímpar.
Nesse dia talvez falte ar,
talvez o sangue não corra,
talvez os pequenos e desprezados seres decompositores estejam lá
e vejam, o dia que os seres superiores
dotados de telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor
estarão dominando seus sentimento!
E de camarote eles presenciarão tal momento enquanto deliciam-se
com nossos restos mortais!
Tudo isso porque somos vulneráveis!

Bueiro


Cheiro pútrido da libertinagem liberta
momentos de luxúria que ludibriam  minutos da existência.
Sol de 40° ao meio dia e a necessidade do artista de criar
procurando nos subterrâneos mais profundos a sua próxima criação.
Ofuscado pela beleza mais triste de amar uma nova mulher
ele entra pela porta dos fundos.

 Viaja nessa experiência que desde muito cedo o consome
e diz - Um doze anos, por favor!
E assim
tenta aventurar-se na mais nova e antiga odisseia.

A coragem lhe falta.
Então ele continua vivendo a genialidade das mais nobres aventuras,
continua a sonhar com o dia que não lhe faltará a coragem,
e enfim encontrará sua maior obra.
Talvez não debaixo de um sol de 40° ao meio dia,
talvez não sob a podridão da luxúria barata,
talvez não sob o bueiro mais pecaminoso da cidade,
mas no colo da mulher amada.

Amadas minhas




Viver apaixonado por três mulheres é possível?
Uma possui a doçura, o mel, o charme, o borogodó
o quebrado que o capeta depositou sobre as ancas das mais inalcançáveis
Possui o sentimento, o carinho e a ternura
o sorriso e a bravura de viver a nostalgia
A outra... Ah... possui a originalidade, é extrovertida
é despojada, uma menina de olhos transparentes e cristalinos
mostrando a verdade do meu ser.
A terceira é ela mesma... Eu gosto, e sem precisar adjetivar
Qual a graça de tanta incerteza?
É a cabeça de poeta, que me permite deixar a dúvida
Eram elas três, ou as três que eu enxergo em você?