E
nós, seres humanos,
dotados
de telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor
fomos
feitos para amar.
Quem
diria, a grande ironia que seria o dia,
aquele que corria,
esbaldando-se
em uma vida vadia
e
em um breve instante,
deleitar-se-ia
da mais gostosa agonia.
A
paixão!
O
primeiro amor é o desespero.
O
mais puro anseio do coração,
pulsante
no peito e brilhante,
em olhos de diamante com dureza de
talco.
Tão
superiores, nós humanos. Tão vulneráveis.
O
segundo amor, talvez já tenha um brilho de ouro,
pode
ser como a marcela, que amou aquele nosso colega por alguns contos de réis,
ou
muitas outras “ela”s que transcenderão
os quinze meses,
mas
não acredito que irão transcender aos contos de réis.
E
tudo termina, novamente e
o
terceiro amor, quarto amor, quinto amor,
e
tudo se renova.
No
final estamos nós.
Simples
assim, vulneráveis assim.
Quem
diria, nós humanos,
dotados
de telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor
teríamos
nossos orgulhos e nossos fracassos em algo que nem tocado é.
Quem
diria, caro amigo,
gozamos
por conquistar o mundo, mas não domamos
nem
mesmo nossos sentimentos
Somos
vulneráveis!
A
comédia dos sentimentos inicia-se pela não compreensão,
pela
necessidade do consolo irmão e pelo pedido, e por muitos poemas
ao
longo de muitos anos que utilizam-se de “ao” para rimar com coração.
Que
devaneio romântico é apaixonar-se por algumas palavras!
Sim,
acontece.
Somos
vulneráveis!
Dias
e noites e as palavras envolvem o coração,
já
não dominávamos nossos sentimentos,
agora
dominamos muito menos.
As
palavras chegam, nos arrancam sorrisos, os transmutam em lágrimas,
e
nos da a sensação de ter vivido.
Muito,
e além!
Em
momento seguinte não há paixão, não há amor.
sofrimento
e dor, ingratidão e talvez um pouco de compaixão.
Às
vezes nem isso.
Sofrimento
e dor, e pronto!
Somos
vulneráveis!
Mas
há de chegar o dia em que dominaremos nossos sentimentos
em
uma racionalidade ímpar.
Nesse
dia talvez falte ar,
talvez
o sangue não corra,
talvez
os pequenos e desprezados seres decompositores estejam lá
e
vejam, o dia que os seres superiores
dotados
de telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor
estarão
dominando seus sentimento!
E
de camarote eles presenciarão tal momento enquanto deliciam-se
com
nossos restos mortais!
Tudo
isso porque somos vulneráveis!